Uma angústia somada à revolta e impotência diante da precariedade do atendimento a quem necessita de internação em um dos hospitais públicos da Capital. Para além dos índices expressivos de pacientes atendidos nos corredores, que ontem atingiram 397 pessoas, histórias de vida diferentes se prolongam ao longo das galerias dos hospitais.
> 57 crianças estão sem leito em hospital infantil
> União pode intervir caso situação não se resolva
Ontem, por volta do meio-dia, a equipe do Diário do Nordeste teve acesso às instalações do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Sem identificação, não foi difícil conseguir entrar no local, caminhar entre os corredores do pavimento térreo e verificar que, mesmo nestes espaços, não há mais locais disponíveis para possíveis novas macas com pacientes. Os médicos e enfermeiras da unidade revezam-se na tentativa de atender aos pacientes, na medida do possível.
De acordo com os índices divulgados pelo Sindicato dos Médicos do Ceará, o HGF contava, ontem, com 60 pessoas sendo atendidas fora dos leitos. Entre elas, estava uma senhora de 80 anos, que deu entrada no hospital no último sábado com princípio de acidente vascular cerebral (AVC). “Não tem o que fazer. Não temos condições de ir pra um hospital particular, então temos que vir para cá. A situação é difícil, mas ninguém pode fazer nada, se não tem leito para ela ficar. O problema é que também tem pouco médico. Hoje pela manhã, nenhum passou ainda para ver como ela está”, contou a acompanhante.
Uma outra senhora, mãe de um paciente, comemorava a acomodação do filho, internado desde a semana passada, em um leito do hospital. “Graças a Deus, conseguimos que ele ficasse em um leito. Ele precisa ser acompanhado, pois vai fazer um transplante de fígado. Mas eu vejo como a situação está difícil. Nem os corredores estão mais aguentando o tanto de gente”.
Controle
Sobre a verificação do controle da entrada no hospital, a assessoria de imprensa do HGF informou que o problema foi identificado. A Secretaria da Saúde tomou conhecimento do caso e vai remanejar todos os profissionais da segurança orgânica para resguardar a integridade dos pacientes, acompanhantes, visitantes e funcionários. Disse ainda que existe um fluxo de controle da entrada e saída de visitantes, acompanhantes e funcionários com crachás e pulseiras.
A reportagem esteve ainda no Hospital Distrital Gonzaga Mota, do bairro José Walter, na noite da última segunda-feira, por volta das 19h. Mais uma vez, não houve impedimentos para a entrada e circulação no hospital. As alas visitadas não apresentavam pacientes internados nos corredores, além daqueles que recebiam medicação intravenosa, em poltronas.
A reclamação, entretanto, era por conta da demora no atendimentos. Deitada num banco próximo à recepção do hospital, uma jovem de 20 anos padecia com fortes dores de cabeça, esperando pelo resultado de um exame de sangue que havia feito por volta das 10h. “Estamos desde da manhã aqui, mas ainda não recebemos o exame nem o diagnóstico. O atendimento demora muito. Infelizmente, a situação que temos que lidar é essa”, relata a mãe da jovem, que a acompanhava no hospital.
Sistema Asa Branca de Comunicação
FONTE: Diário do Nordeste