Veja as cidades do Ceará com escolas públicas de melhor desempenho em Português e Matemática


A cada ano, alunos dos anos iniciais e dos anos finais do ensino fundamental do Ceará são submetidos a avaliações externas que realizam um diagnóstico da educação no Estado. É o caso do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece), que investiga a proficiência dos estudantes da rede pública em Língua Portuguesa e Matemática. Na última edição, referente a 2024, cidades como Ararendá, Coreaú e Deputado Irapuan Pinheiro tiveram destaque no desempenho dos estudantes.

Na prova de Português, o Spaece avalia habilidades dos alunos para localizar informações explícitas, inferir o sentido de uma palavra ou expressão, identificar ironia, estabelecer relações entre as partes do texto e a capacidade de distinguir entre fato e opinião, segundo a etapa escolar que está cursando.

Já em Matemática, as provas investigam a capacidade dos estudantes para, por exemplo, estabelecer relações entre unidades de medida de tempo, resolver problemas envolvendo cálculo de perímetro de figuras, resolver questões que abordam noção de volume, reconhecer a decomposição de números naturais ou identificar frações equivalentes.

Diário do Nordeste selecionou os municípios com maiores proporções de estudantes que tiveram desempenho considerado “intermediário” ou “adequado” em cada disciplina e em cada etapa escolar.

 

Em uma escala de nota que vai de 0 a 500, estão nessas categorias aqueles resultados entre 175 e 224 (intermediário) e igual ou maior que 225 (adequado). A escala também inclui as classificações de proficiência “muito crítica” (nota menor que 125) e “crítica” (de 125 a 174), que englobam as notas mais baixas.

Anos iniciais do ensino fundamental 

A partir dessa análise, foi possível identificar que, em 18 cidades, todos os alunos do 5º ano tiveram resultado considerado intermediário ou adequado na prova de Português. É o equivalente a quase 10% dos 184 municípios cearenses. São eles:

  1. Ararendá
  2. Baixio
  3. Cariré
  4. Coreaú
  5. Deputado Irapuan Pinheiro
  6. Groaíras
  7. Ipaporanga
  8. Mucambo
  9. Nova Olinda
  10. Pacujá
  11. Pedra Branca
  12. Piquet Carneiro
  13. Pires Ferreira
  14. Potiretama
  15. Reriutaba
  16. Senador Sá
  17. Umari
  18. Varjota

Na avaliação de Matemática, são 15 cidades com todos os alunos nas melhores classificações de desempenho, cerca de 8,2% do total do Estado.

  1. Ararendá
  2. Baixio
  3. Coreaú
  4. Deputado Irapuan Pinheiro
  5. Forquilha
  6. Groaíras
  7. Ipaporanga
  8. Mucambo
  9. Novo Oriente
  10. Pacujá
  11. Piquet Carneiro
  12. Pires Ferreira
  13. Reriutaba
  14. Senador Sá
  15. Umari

Ao todo, 13 cidades aparecem nas duas listas, com destaque tanto no desempenho na prova de Português quanto na de Matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. É o caso de Ararendá, Baixio, Coreaú, Deputado Irapuan Pinheiro, Pacujá, Reriutaba e Senador Sá, entre outras.

Veja o mapa com os resultados de todos os municípios cearenses entre os alunos do 5º ano do ensino fundamental.

Anos finais do Ensino Fundamental

Quando se observa os resultados no 9º ano, época em que os estudantes estão finalizando o ensino fundamental, apenas 4 cidades tiveram todos os alunos com proficiência intermediária ou adequada em Matemática, área que representa um gargalo, principalmente no ensino público. São elas:

  1. Altaneira
  2. Ararendá
  3. Deputado Irapuan Pinheiro
  4. Piquet Carneiro

Na prova de Português, nenhum município teve esse desempenho entre todos os alunos. Porém, 31 cidades tiveram entre 90% a 99% dos estudantes com os desempenhos mais elevados.

  1. Alto Santo (91,2%)
  2. Ararendá (99,2%)
  3. Caridade (90,5%)
  4. Cariré (99,1%)
  5. Catunda (91%)
  6. Coreau (96,8%)
  7. Cruz (95%)
  8. Deputado Irapuan Pinheiro (97,7%)
  9. Forquilha (99,2%)
  10. Fortim (90%)
  11. Ipaporanga (90,6%)
  12. Ipueiras (96,2%)
  13. Jijoca de Jericoacoara (94,9%)
  14. Meruoca (93,1%)
  15. Milha (98,2%)
  16. Morrinhos (95,2%)
  17. Mucambo (94,7%)
  18. Nova Russas (91,1%)
  19. Novo Oriente (96,1%)
  20. Pedra Branca (98,8%)
  21. Piquet Carneiro (97,6%)
  22. Potiretama (98,7%)
  23. Quiterianópolis (95,6%)
  24. Quixeramobim (92,7%)
  25. Reriutaba (99,1%)
  26. Santana do Acaraú (90,1%)
  27. Senador Sá (93,4%)
  28. Solonópole (94,8%)
  29. Tamboril (94,3%)
  30. Uruoca (92,6%)
  31. Varjota (96,6%)

 

 

Impacto para o futuro

Bons resultados de aprendizagem no ensino fundamental, como os que foram apresentados por essas cidades, impactam diretamente a trajetória escolar dos estudantes e o futuro que eles podem traçar em suas vidas. Isso porque os alunos que dominam os conteúdos fundamentais têm mais possibilidades de progredir com sucesso nos anos seguintes, segundo a doutora em Educação Maria José Costa dos Santos, professora associada de Matemática no Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Com isso, reduz-se a defasagem idade versus ano escolar, mantém-se o vínculo do jovem com a escola e desenvolve-se uma base sólida para o ensino médio. Isso influencia “até mesmo nas oportunidades desses estudantes para sua entrada no ensino superior”, explica a professora.

 

A docente aponta que, de modo geral, esses resultados podem refletir a adoção de políticas de valorização docente, de apoio à inclusão dos alunos na escola e de materiais didáticos adequados. “Também pode ser reflexo de investimentos consistentes em formação de professores, acompanhamento pedagógico e uso de dados para tomada de decisão fortalecendo mais as políticas públicas educacionais”, complementa.

 

Muitas dessas cidades de destaque são pequenas e têm uma rede escolar menor, em comparação com a capital, Fortaleza, ou grandes centros como Sobral e Juazeiro do Norte. Maria José Costa dos Santos aponta que a aproximação entre as escolas e o núcleo gestor facilita a implementação das políticas públicas e o acompanhamento dos resultados.

Ela ainda destaca a tendência de escolas em cidades menores terem mais estabilidade no time de professores. “Os alunos são mais próximos, devido à menor rotatividade dos profissionais, favorecendo o melhor desempenho do trabalho docente. O envolvimento da comunidade é outro ponto importante, nas pequenas cidades, tendem a ser mais presente e participativo em contextos menores”, afirma.

Em grandes centros, conforme complementa a professora, existem inúmeros desafios, como as distrações com as quais crianças e adolescentes lidam no dia a dia e a vulnerabilidade socioeconômica, impedindo que elas avancem no processo de ensino-aprendizagem.

“De outro lado, têm-se os professores e gestores, que lidam com os desafios de tornar a escola atrativa e um ambiente amistoso em que os alunos sintam-se acolhidos e percebam a importância não só de permanecerem fisicamente nesse espaço, mas que precisam se sentir corresponsáveis e protagonistas do seu sucesso escolar”, complementa.

Limitações do Spaece

Apesar de o Spaece ser “uma política pública de avaliação muito importante para o diagnóstico de problemas no processo de ensino-aprendizagem”, a docente pondera que ele não consegue abranger todas as problemáticas que influenciam o déficit de aprendizagem dos estudantes.

 

“Para a compreensão dessas diferentes realidades, faz-se necessário compreender o Spaece como uma via de fundamental indicação dos problemas da educação, mas avaliando que os dados não podem ser relativizados, mas interpretados e analisados considerando o contexto de cada município, de cada escola, de cada aluno”, alerta.

 

Uma vez que as condições de ensino-aprendizagem variam entre municípios pequenos e grandes, a professora destaca que os resultados devem ser analisados “sob à ótica das especificidades regionais e locais”, considerando nível socioeconômico, infraestrutura, políticas públicas e apoio técnico-pedagógico.

“Não seria justo e muito menos ético com os alunos e professores, comparar os dados sem considerar o contexto. Mas quando os gestores usam os dados com responsabilidade, compromisso, sensibilidade e contextualização, os resultados do Spaece tornam-se um orientador de boas práticas, promovendo a equidade e consequentemente melhores resultados na educação”, finaliza.

 

Via Diário do Nordeste

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