As obras no Açude Trussu tiveram início há mais de um ano. O trabalho está em fase final e deve ficar pronto em fevereiro de 2021
O objetivo da recuperação estrutural é garantir mais segurança quando tiver início a quadra chuvosa, evitando desalojamentos por rompimento de barragens
Nos últimos dois anos, os bons volumes pluviométricos registrados nas quadras chuvosas (fevereiro-maio) expuseram um cenário de alerta: a conservação estrutural dos reservatórios cearenses. A maioria foi edificada sem qualquer acompanhamento técnico e há vários anos, deixando a estrutura, em alguns casos, vulnerável, impactando diretamente na rotina de famílias ribeirinhas. Agora, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) mapeou as barragens federais de maior risco para garantir mais segurança estrutural aos açudes.
A medida busca evitar problemas em barragens, como ocorreu no município de Quiterianópolis, no Sertão dos Inhamuns. Em março deste ano, o rompimento de cinco açudes deixou 10 famílias desabrigadas e mais de 100 desalojadas em várias localidades do Município.
O engenheiro civil José Taylor Bezerra Oliveira, da Coordenadoria Estadual do Dnocs no Ceará, pontuou que uma visita in loco identificou os reservatórios “que mais carecem de atenção” e, após o resultado da licitação aberta no último dia 23, terão início as obras. “O prazo de execução é de seis meses. Não será finalizada até o período de início de chuva no Ceará”, antecipou Taylor.
A recuperação acontecerá nas barragens Frios (Umarim); Caxitoré (Umirim); Serrota (Pentecoste); Santo Antônio de Russas (Russas); Quixeramobim (Quixeramobim); Poço do Barro (Morada Nova); Feiticeiro (Jaguaribe); Manuel Balbino (Caririaçu); Jenipapeiro (Dep. Irapuan Pinheiro) e Nova Floresta (Jaguaribe). Em todas elas, apesar das obras não ficarem prontas até o início da quadra chuvosa, o Dnocs não considera risco de rompimento.
Obras em atraso
Além das dez barragens previstas para intervenção no início de 2021, outras cinco estão com obra em andamento: Trici e Favelas (Tauá); Serafim Dias (Mombaça); Gomes (Mauriti) e Roberto Costa/Trussu (Iguatu). As obras começaram em julho de 2019 e deveriam ter sido concluídas em dezembro do ano passado. Agora, o novo prazo é para fevereiro de 2021. As recuperações fazem parte de um pacote contratado pelo Dnocs no valor de R$ 10 milhões.
No Açude Trussu, o avanço físico é de 95%. “As fissuras e erosões nos taludes (paredes), que eram preocupantes, foram recuperadas”, pontuou o engenheiro civil, gerente de Contratos, Fernando Freire. Segundo ele, “todas as barragens estarão seguras para as próximas chuvas”.
Insegurança
Essa sensação de “segurança”, segundo o historiador e membro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Evanilson Fernandes Maia, inexiste “em várias comunidades”. Ele avalia que “muitos açudes não são monitorados” e isso causa risco à população. “A preocupação aumenta ainda mais com a chegada da quadra chuvosa”, alerta Maia.
A Instituição está compilando dados de todas as famílias que foram atingidas por problemas em barragens nos últimos anos no Ceará para, em posse desses números, criar “comitês que terão o papel de fiscalizar, denunciar e auxiliar em caso de rompimentos”.
Sistema Asa Branca de Comunicação
Colaboração: Regional Diário do Nordeste