O retorno das atividades na Escola Estadual de Ensino Médio Luís Felipe, em Sobral, onde dois estudantes foram mortos a tiros no dia 25 de setembro, está marcado para a próxima segunda-feira (6). A volta ocorre amparada por ações desde apoio psicológico até reforço policial.
Ainda no dia 25, a secretaria e outros órgãos, como Ministério da Educação (MEC), Ministério Público (MPCE) e a Polícia Militar (PMCE), iniciaram a elaboração de um plano emergencial para “garantir proteção, apoio integral e o retorno saudável das atividades escolares”.
Entre as ações, a escola deve sediar uma programação preparatória para a volta, que inclui “momentos de acolhimento e escuta para professores e servidores, conduzidos por psicólogos e assistentes sociais; além da realização de círculos de acolhimento psicossocial com as famílias dos estudantes”.
O objetivo é “fortalecer a segurança no ambiente da escola e em seu entorno, por meio de ações de prevenção qualificada, policiamento ostensivo e visitas periódicas à unidade”, como acrescenta a Seduc.
Em paralelo, estão previstas atividades educativas “sobre resolução pacífica de conflitos, combate ao bullying e cyberbullying, prevenção ao uso de drogas e à violência, além do fortalecimento das práticas de mediação de conflitos por meio da organização de Círculos de Construção de Paz”.
A Escola Luís Felipe está com aulas suspensas desde o episódio violento. A reposição das aulas, conforme a Seduc, será organizada pela gestão da instituição de ensino, “que tem autonomia para planejar suas atividades, garantindo o cumprimento dos 200 dias letivos previstos no calendário escolar”.
A Pasta estadual tem contado ainda com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Sobral, que disponibilizou 29 orientadores educacionais para prestação de atendimento aos alunos da Escola Luís Felipe, como informou a secretária, Cynira Kézia Rodrigues.
Órgãos de Justiça
Um dos órgãos que integram a rede de proteção no município da Região Norte é o MPCE, que tem atuado “nas áreas de educação, infância, acolhimento às vítimas e criminal” e acompanhado os planejamentos, segundo nota enviada ao Diário do Nordeste.
Nessa terça-feira (1º), o órgão convocou uma reunião do Programa Previne com representantes das diretorias das escolas de Sobral. “O Previne estimula instituições de ensino a promover a cultura de paz no ambiente escolar, a partir da criação das Comissões de Proteção e Prevenção à Violência contra Crianças e Adolescentes”, explica o MP.
Por meio do Núcleo de Acolhimento às Vítimas de Violência (Nuavv), o órgão ministerial tem atendido “vítimas diretas e indiretas” do ataque, com assistência jurídica e atendimento psicossocial. A reportagem questionou se foram identificados outros estudantes sob ameaça, mas o órgão não detalhou.
Já a Defensoria Pública Geral do Estado (DPCE) afirmou, também por meio de nota, que “se colocou à disposição dos familiares das vítimas e de toda a comunidade escolar para atendimento de demandas relacionadas à garantia de direitos”.
“A equipe da Rede Acolhe já iniciou busca ativa e permanece disponível, respeitando este momento de dor e oferecendo o suporte necessário às vítimas e seus familiares. A Defensoria reafirma seu repúdio a toda forma de violência e intolerância e seguirá acompanhando de perto as investigações e apurações devidas”, finalizou.
Raio e Choque reforçam policiamento
As ações de assistência são complementadas, ainda, com as ostensivas. Nas próximas três semanas, será realizada uma ação conjunta entre o 3º Batalhão da PMCE e a Guarda Municipal de Sobral para reforço do efetivo e do monitoramento no entorno da escola.
“Cabendo a estes dois ações de patrulhamento no perímetro externo; e ao Copac, por meio do Grupo de Segurança Escolar (GSE) e de forma contínua, na área interna”, explicou a PM em nota ao Diário do Nordeste.
Além disso, “militares do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRAIO) e Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) reforçam o patrulhamento na região”.
A instituição de segurança estadual pontua, por fim, que, ao longo da semana, o Copac “continua atuando por meio de reuniões com os pais, alunos e corpo docente da escola em questão”.
Caso
No último dia 25 de setembro, dois adolescentes, de 16 e 17 anos, morreram e outros três estudantes ficaram feridos após um ataque a tiros na Escola Luís Felipe, no bairro Campos dos Velhos, em Sobral, Região Norte do Ceará. Os dois suspeitos não são alunos do colégio estadual.
Os jovens estudantes foram mortos no estacionamento da instituição, durante o intervalo, e as primeiras investigações apontaram a hipótese de relação do caso com disputa entre facções criminosas.
No dia seguinte ao crime, o primeiro suspeito, Bruno Amorim Rodrigues, de 30 anos, foi preso. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ele já era foragido por outro homicídio cometido em julho, e confessou ser membro de grupo criminoso paulista.