Prometo não desviar o assunto e falar que o meu querido Flamengo é o maior de todos os tempos.
Desconsidere meu momento torcedor.
Bom, vamos ao ponto!
Nas últimas décadas o futebol-arte vem sendo colocado de lado, e novas táticas de eficácia e força foram se tornando naturais. Os tempos mudaram: calçada da fama para os velhos craques, e bola pra frente. — Não que alguém tenha nada contra a eficácia. Mas o futebol de hoje não dança, não finta, não tabela, nãoo inventa, não arrebata. Vence. — Não tenho nada contra vencer.Mas a magia do futebol! Acabou?
Alerto quase todo dia no Asa Branca Esporte Clube.
Vejamos!
Boa defesa, distribuição sábia e ataque astucioso perderam sua importância, basta que no final saia o gol. Ou o empate, frio e feio.
Coisa triste.
O amor às quatro linhas, amor real, foi se arrastando para o museu. As jogadas individuais, a beleza da representação do espaço do campo numa mente ágil e leve — fora. A verdade do jogo passou a ser a vitória. Valendo gol de barriga e de mão. Desde que o juiz não veja. E a pancadaria come entre as torcidas de um olho só, incapazes de verem o jogo. Demonizando o adversário. — Não que alguém tenha nada contra torcer.
Dou cartão vermelho para o caminho que o futebol moderno está tomando. E o pior é que o futebol amador local aqui em Boa Viagem é uma cópia mal feita do que ocorre no Brasil todo.
A seleção brasileira e os clubes estão esquecendo a beleza inventada num passado que atravessou tempos. Tíanhamos um futebol bonito, que encantava multidões, arrebatava. E de repente tudo se limita ao resultado. Perdeu a graça. E isso me assusta. Não é mais esporte, é pura técnica. Muita preparação física, pouca humanidade.
Como se não bastasse, a rivalidade agora é só nas torcidas nas arquibancadas ou na rua, onde destroem, brigam, se matam. Em campo, jogadores frios, serenos, sem amor ao clube que defende, só o salário importa.
Jogar bonito é uma tolice. Fim dos fundamentos. Jogam como se não valessem mais regras, convenções de sentido. Em pouco tempo estão arrasando com a magia do futebol criada há séculos. “Fixem-se nas coordenadas e suas interações. Joguem como máquinas jogariam!” Diz o técnico. E o pior! a crônica esportiva aplaude, e claro, a torcida vai junto.
Não se ver mais o fundamento da arte de jogar. As discussões são inúteis. Sobre se houve falta, se a bola passou da linha, se o impedimento era flagrante. Isso são fatos!
As vitórias são antecipadas e o nosso bom futebol segue perdendo prestígio, perdendo a graça.
O que é preciso é reaprender a jogar. Fazer ressurgir a magia do futebol.
É isso!