O economista ultraliberal e candidato da oposição Javier Milei foi eleito, nesse domingo (19), o novo presidente da Argentina com 55,69% dos votos válidos. Aos 52 anos, ele assume o cargo após vencer, no segundo turno, o governista peronista Sergio Massa.
De acordo com informações do portal g1, Milei assumirá o governo no próximo dia 10 de dezembro no lugar do atual chefe do Executivo, Alberto Fernandéz, com desafios sobretudo na área econômica.
O País vizinho ao Brasil enfrenta a maior inflação em mais de 30 anos, com 40% da população em situação de pobreza e com a moeda altamente desvalorizada, além de uma dívida externa bilionária e escassez de reservas internacionais.
Agrava a situação argentina a forte seca na região. A nação é uma das principais exportadoras de grãos da América do Sul, ao lado do Brasil, e teve as safras de milho, soja e trigo prejudicadas pelo clima, além de perder milhares de cabeça de gado.
Quem é o novo presidente da Argentina?
Um outsider. Na esteira de sucesso de outros nomes ultraliberais que governaram – e governam – alguns países sul-americanos, Javier Milei se vende como alguém de fora da política tradicional e diz tentar combater o que chama de “casta política” argentina.
O novo presidente da Argentina é professor universitário e se tornou mais conhecido do público ao ser convidado para programas de rádio e, principalmente, de TV. Chegou à política em 2021 com um forte discurso.
Foi eleito deputado federal na primeira eleição disputada pelo partido ultraliberal A Liberdade Avança, fundado há dois anos. O discurso de Milei incluía o “contra tudo e contra todos”.
Por essas e outras razões, costuma ser comparado por especialistas a Donald Trump e Jair Bolsonaro, ex-presidentes dos Estados Unidos e do Brasil.
O que propõe o novo presidente da Argentina?
Com uma retórica bastante inflamada, Milei ganhou destaque com o discurso “não vim guiar cordeiros, vim despertar leões”, após o partido A Liberdade Avança vencer as eleições primárias em agosto.
Com forte apelo sobretudo na área econômica, a agenda do novo presidente da Argentina inclui ultraliberalismo e mudanças radicais no País.
Ele propôs acabar com dolarizar 100% a economia da Argentina, dando fim ao peso e instituindo o dólar como moeda oficial e “dinamitar” o Banco Central do País.
Ainda na economia, outras propostas são:
- Estado mínimo: eliminação de gastos improdutivos e diminuição do tamanho da máquina pública;
- Criação de um sistema de aposentadorias e pensões privados, cortando os gastos públicos com essa área;
- Privatização de empresas públicas deficitárias;
- Retirada imediata da proteção do peso argentino: tornar mais prática a compra de dólares pela população;
- Reforma tributária com diminuição significativa de impostos;
- Concessões para a exploração de recursos naturais;
- Reforma trabalhista com o fim das indenizações, mudando para um sistema de seguro-desemprego;
- Promoção da liberdade de filiação sindical;
- Redução dos impostos ao trabalhador;
- Fim das retenções a exportações e direitos de importação.
Outras agendas do político de extrema-direita contemplam a flexibilização das normas para facilitar o acesso de armas pelos cidadãos. Ele também é contra o aborto e a educação sobre gênero nas escolas públicas.
Governabilidade
Apesar de ser o novo presidente da Argentina, Milei não tem a maioria do Congresso argentino. O partido dele foi o que mais cresceu nas eleições deste ano, virando o terceiro maior do País, atrás apenas da coligação peronista (União pela Pátria – situação) e da coalizão de centro-direita (Juntos Pela Mudança – oposição).
Tanto o Juntos Pela Mudança quanto o A Liberdade Avança são atualmente de oposição, e Patricia Bullrich, candidata que ficou em 3º lugar no primeiro turno da eleição presidencial argentina, declarou apoio a Milei na disputa contra Massa. Com isso, as bancadas dos dois partidos, juntas, já é maior do que a peronista.