A segunda derrota em dois confrontos seguidos contra o maior rival deixa lições ao Fortaleza. Perder outro Clássico-Rei, novamente por 1 a 0, e em circunstâncias semelhantes à partida da semifinal da Copa do Nordeste, trouxe à tona a discussão sobre possíveis alterações que o técnico Rogério Ceni deve fazer. É mesmo necessário mudar tanto assim? Certo é que, contra o Flamengo, amanhã, a postura será diferente.
Nos últimos jogos, o Tricolor teve dificuldades para enfrentar adversários que jogam de forma mais defensiva. Foi assim contra o Sport, pelas quartas de final da própria Copa do Nordeste, no empate em 0 a 0, e também contra o Botafogo, pela Série A. Além, claro, dos dois confrontos contra o Ceará.
Em todas estas oportunidades, algo em comum: o Leão do Pici teve muita posse de bola, mas encontrou dificuldades em converter o maior volume em chances claras de gol. Não foi fácil furar as defesas contra times que estabelecem um sistema de marcação sólido, com intensidade e aposta nos contra-ataques.
Mudanças necessárias?
Muitos torcedores falam que Rogério Ceni precisa se reinventar. Encontrar uma outra alternativa para o esquema atual. É fato que o treinador já detectou que precisa achar uma forma de conseguir furar estes bloqueios estabelecidos por oponentes que se preocupam primeiro em marcar para depois atacar.
Entretanto, a necessidade de alterações não é urgente como muitos imaginam.
A análise deve ser feita não somente com base nos resultados. Não é porque perdeu dois clássicos que está tudo errado e nada funciona. Isso não representa que o trabalho não está sendo bem feito.
O Fortaleza tem um modelo de jogo muito bem organizado e sólido desde o ano passado, que foi bastante eficaz nas partidas anteriores ao clássico, com vitórias contra Goiás e Bragantino, por exemplo. Além disso, teve a partida contra o Corinthians, que o Tricolor foi superior ao adversário e por pouco não venceu. É sinal de que o trabalho é bom.
Contra o Fla
A postura diferente que deverá ser apresentada amanhã não será por uma avaliação de que o atual modelo de jogo está desgastado, até porque a tendência é de manutenção da identidade da equipe, com poucas mudanças em relação aos jogadores, mas sim, por uma alteração de plano de jogo, que é a estratégia para a partida.
Enfrentar o Flamengo, fora de casa, é um dos jogos mais difíceis (se não for o principal deles) que cada um dos outros 19 clubes do Brasileirão fará ao longo do campeonato.
Por isso, é normal imaginar que o Rubro-Negro será o time que irá propor o jogo e tomar as iniciativas da partida, em busca de maior posse de bola.
Com isso, a tendência é que o Fortaleza adote uma postura mais semelhante à que teve contra o Corinthians, na Arena, em jogo que empatou em 1 a 1, mas que teve atuação bastante positiva e que ficou perto da vitória.
Organização ofensiva
Um dos principais trunfos da equipe do técnico Rogério Ceni é a organização ofensiva, fase do jogo em que a equipe tem a bola e se posiciona para atacar o adversário, que está organizado para defender.
Prova disso é que seis dos sete gols que o Leão marcou na Série A surgiram em organização ofensiva, a partir de trocas de passes e movimentações coordenadas. Os quatro tentos anotados nas três últimas partidas (empate em 1 a 1 com o Corinthians e vitória por 3 a 0 sobre o Bragantino) foram dessa maneira.
É fato que alguns aspectos precisam ser revistos. O time também precisa de reforços. Mas a análise deve abranger o desempenho todo, e não só resultados. O Fortaleza ainda é um time de muitas ideias.
Sistema Asa Branca de Comunicação
FONTE: Diário do Nordeste