Um novo Clássico-Rei, uma final e mais um capítulo na rivalidade centenária. Os elementos fomentam o principal confronto do futebol cearense, agora com nível de Série A e decidindo o Campeonato Cearense – nesta quarta-feira (30), às 21h30, na Arena Castelão.
O detalhe do duelo é o adiantar do calendário: após 18 anos, a final do Estadual é realizada no segundo semestre do ano. O prazo estimado rompe a barreira cronológica das últimas edições. O atraso é fruto da pandemia de Covid-19, com paralisação dos torneios até meados de junho, quando a CBF montou protocolos de segurança para permitir o retorno das atividades dos clubes. Tradicionalmente, Ceará e Fortaleza encerram o evento local entre abril e maio como preparativo para as divisões nacionais. Dessa vez, o jogo do título será em 21 de outubro, no confronto de volta.
A última vez que o campeão estadual foi conhecido na metade final do ano ocorreu em 6 de agosto de 2002. Naquela ocasião, o torneio era dividido em três turnos: o 1º foi vencido pelo Vovô, enquanto o 2º ficou com o Leão. Como cada rival venceu um turno, foi disputado um terceiro. Os dois chegaram à final, que valeu também como decisão do campeonato.
Na referida data, um Clássico-Rei finalizado em 1 a 1 sacramentou a taça na galeria alvinegra. Mota abriu o placar, com empate de Vinícius no segundo tempo. Como o regulamento previa apenas uma partida e o time comandado por Dimas Filgueiras tinha mais pontos, foi considerado campeão, pois venceu dois dos três turnos.
O curioso é que o resultado se estendeu aos tribunais. O departamento jurídico tricolor questionou na Justiça Comum e na Justiça Desportiva a escalação do atacante costarriquenho David Madrigal pelo Ceará – cuja acusação era de suposta irregularidade. Por unanimidade, os julgamentos indeferiram a reclamação e mantiveram o resultado obtido dentro de campo.
Memória tricolor
Um ano antes da conquista alvinegra, o Fortaleza também tinha se sagrado campeão de um Cearense no 2º semestre da temporada. O duelo foi o último vencido pelo Leão neste recorte de datas. E ocorreu no dia 8 de julho de 2001 com o bicampeonato estadual.
Em campo, o Leão faturou o 1º turno de modo invicto. Já no 2º, derrotou o Ceará na finalíssima por 3 a 1, no PV. Com 17.956 espectadores presentes, a torcida leonina assistiu ao time formado por Ronaldo Angelim, Erandir, Dude e Clodoaldo impor uma hegemonia.
Na disputa de seis Clássicos-Rei ao longo desse Estadual, o Leão perdeu duas vezes frente ao arquirrival. Venceu quatro, um com goleada por 4 a 1.
Passado mais longínquo
Em 1995, o Ferroviário adicionou nos feitos memoráveis da história coral o inédito bicampeonato cearense. A conquista marcou a última vez que um time sem ser Ceará ou Fortaleza foi campeão estadual. O detalhe: o título foi obtido no dia 10 de dezembro em empate com o Icasa. O artilheiro daquela edição foi Robério, do Ferrão, com 25 gols.
O jornalista e comentarista Tom Barros, do Sistema Verdes Mares (SVM), explica que as decisões do Estadual eram realizadas no fim do ano para ampliar a participação dos times locais no calendário.
“Na verdade, antigamente, os times disputavam a Taça Brasil. Então, as vagas eram no convite, ninguém sabia quantos ou quem ia jogar, apesar de todo mundo priorizar o Brasileirão. Depois que se criaram o rankings, para fazer a escolha por índice técnico, mas muitas vezes essa indefinição que popularizou o Campeonato Cearense com quatro turnos, triangulares, esses modelos que estendiam o torneio para deixar os times jogando, já que eles não disputavam mais nada”, explicou.
Em uma das competições com calendário ampliado, o campeão de uma edição foi definido em março do ano seguinte. O “causo” ocorreu com o Gentilândia, no primeiro e único título estadual da equipe.
O ano em questão foi 1956. Na partida que marcou o título, em 1957, o time venceu o Ceará, por 1 a 0, gol de Pipiu. Como não houve realização do 2º turno por divergência de calendário, a Federação proclamou o Gentilândia como campeão no dia 13 de março e entrega das faixas em 24 daquele mês.