Chuvas podem ser positivas no Ceará até janeiro de 2026, diz Inmet


Os próximos meses devem apresentar volumes de chuva próximos ou acima da média em boa parte do Ceará, segundo o mais recente boletim agroclimatológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), divulgado neste mês. A previsão abrange o centro-norte do Nordeste e o centro-leste do Ceará, áreas onde a tendência é de precipitações dentro ou acima da normal histórica.

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as médias históricas para o Estado, nesses períodos, são de:

  • Dezembro: 31,6 mm
  • Janeiro: 98,7 mm

O boletim estende a análise de novembro de 2025 a janeiro de 2026. Nesse período, o Inmet também indica que as temperaturas devem permanecer acima da média em todo o Nordeste, inclusive no Ceará, com anomalias positivas entre 0,5°C e 1°C. Porém, a elevação tende a ser menor ao longo da faixa leste.

As condições de solo também merecem atenção: o órgão prevê déficit hídrico em grande parte do Nordeste, especialmente nas áreas norte e leste da região – o que inclui o Ceará.

Legenda: Previsão do Inmet para o trimestre de novembro de 2025 a janeiro de 2026.
Foto: Inmet.

 

O que é a pré-estação chuvosa?

Dezembro e janeiro fazem parte da pré-estação chuvosa cearense, período que começa a registrar chuvas mais frequentes, mas ainda irregulares e de baixa abrangência.

 

Esse bimestre antecede a quadra chuvosa oficial (de fevereiro a maio) e costuma ser influenciado principalmente por sistemas meteorológicos “menores”, como vórtices ciclônicos de altos níveis e frentes frias.

 

A pré-estação pode trazer alívio temporário para o calor e dar início à recuperação gradual da umidade do solo, mas não garante recarga significativa de reservatórios.

Historicamente, segundo a Funceme, as chuvas desse período são consideradas passageiras e de baixa previsibilidade, podendo variar bastante de um ano para outro.

O cenário climático previsto até janeiro de 2026 se baseia na observação de informações oceânicas. Quando o Atlântico Sul está mais quente e o Atlântico Norte mais frio, ocorre o chamado Dipolo Negativo, que aumenta a chance de chuvas na área norte do Brasil.

Quando a situação se inverte (Dipolo Positivo), as chuvas tendem a diminuir. No momento, o Atlântico está neutro, mas com anomalias positivas no Norte, o que desloca a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema indutor de chuva no norte do Nordeste, para posições mais ao norte, o que desfavorece as precipitações ao longo da costa cearense.

Já no Pacífico, o resfriamento das águas na região Niño 3.4 (-0,5°C) configura uma condição inicial para La Niña, fenômeno com probabilidade de 62% para o trimestre novembro-dezembro-janeiro, segundo análise do Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI).

La Niña tende a favorecer chuvas no Nordeste brasileiro. Contudo, seus efeitos dependem da intensidade, da duração e da forma como interage com o Atlântico.

Impactos para a agricultura no Ceará

Os dados do Inmet mostram que, apesar da tendência de chuvas próximas ou acima da média nos próximos meses para áreas do Ceará, o armazenamento hídrico do solo deverá permanecer baixo em grande parte do Nordeste (abaixo de 40% em muitos pontos).

 

No mês de outubro, a maior parte do interior nordestino registrou acumulados inferiores a 30 mm, com situações críticas no centro-sul do Ceará, onde o volume de água no solo ficou abaixo de 5%.

 

Em cenários assim, o avanço da semeadura de cultivos de primeira safra sem irrigação fica prejudicado. O Instituto alerta que a combinação de temperaturas elevadas, déficit hídrico e chuvas ainda irregulares pode limitar o desenvolvimento de culturas de sequeiro, “tornando essencial a adoção de estratégias adequadas de manejo hídrico”.

Seca em todo o território

O Ceará voltou a registrar, em novembro, 100% do território sob condição de seca relativa, segundo a atualização do Monitor de Secas. A última vez em que isso ocorreu foi em janeiro de 2024.

Para a Funceme, “a pouca pluviometria acumulada ao longo do segundo semestre tem sido fator determinante para a intensificação do quadro”. A entidade reforça o período atual como “crítico do ponto de vista hídrico e ambiental”.

De acordo com o Monitor, 63,34% do Ceará está em Seca Moderada, nível em que podem ocorrer danos à agricultura e redução nos níveis de reservatórios, poços e córregos. Já a Seca Fraca atinge 36,65% do território, com maior concentração na porção norte do estado, incluindo Fortaleza e Região Metropolitana.

 

Via Diário do Nordeste

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