Uma advogada presa pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) na 5ª fase da Operação Profilaxia, no último dia 5 de agosto, trazia drogas de outros países e vendia o quilo da cocaína no Ceará por R$ 28 mil, segundo a investigação policial. Outras duas advogadas, que também foram alvos da Operação, atuavam como “pombo correio” do crime organizado.
A Delegacia Especializada teve acesso a uma conversa entre Wanessa e Mardônio Maciel Vasconcelos, o ‘Restrito’, chefe de outro grupo dissidente da facção carioca, em 2021. No diálogo, a mulher pergunta se o homem quer “o original ou o comercial”. O que os investigadores deduzem “ser o produto puro, para desdobramento com outras substâncias para dar mais volume e rentabilidade, ou o produto já misturado”.
Na sequência, Wanessa informa que o quilo da substância custa R$ 28 mil. “‘Restrito’ exclui a próxima mensagem, mas pela resposta de Wanessa, conseguimos entender que ele pergunta mais uma vez se a droga (pelo valor e teor da conversa percebe-se que estão falando de cocaína) ‘é da que vira’, que no jargão criminoso, significa que é a droga pura que ainda será misturada a outras substâncias tóxicas”, diz a Draco.
Para a Draco, Wanessa também transmitia mensagens da facção para o companheiro, ‘Amarelo’, dentro do Presídio de Segurança Máxima, e trazia ordens para fora do cárcere, inclusive com bilhetes.Ainda, após a interceptação telemática da investigada, verificou-se que esta tem contato com grandes traficantes de drogas de fora do país, principalmente da divisa, em estados que aparentemente Wanessa não atua como advogada, o que nos leva a inferir que se trata de parceiros comerciais do tráfico de drogas.”
ADVOGADAS ATUAVAM COMO ‘POMBO CORREIO’ DO TRÁFICO
Outras duas advogadas, alvos da 5ª fase da Operação Profilaxia, atuavam como “pombo correio” ou “porta voz” de facções criminosas voltadas para o tráfico de drogas, segundo a investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas. A Operação cumpriu 44 mandados de prisão.
Já a advogada Sílvia Helena Tavares da Cruz foi conduzida coercitivamente por policiais civis, para ser monitorada por tornozeleira eletrônica. A Draco pediu pela sua prisão preventiva, mas a Justiça Estadual não a concedeu.
Após uma troca de mensagens de Sílvia com a irmã de um preso, em novembro de 2021, investigadores identificaram que “a investigada visitou o referido interno supostamente para realizar um atendimento jurídico, mas, na verdade, foi para buscar o seu recado para outros comparsas e possivelmente enviar informações de fora do sistema prisional para o clausurado”.
A defesa de Aline Cunha Martins pediu à Justiça Estadual pela substituição da prisão preventiva da cliente por prisão domiciliar e anexou exames médicos dela e do filho ao processo criminal. “É necessário reprisar que a ora Requerente, além de ser primária e detentora de bons antecedentes, e possuir residência fixa, é também genitora responsável pelos cuidados de seu filho, de apenas 01 (um) ano de idade, conforme faz prova documentação ora colacionada”, argumenta.
Já Sílvia Helena Tavares da Cruz (advogando para si mesma) requereu que o processo entre em segredo de justiça. As defesas das três advogadas foram procuradas pela reportagem para comentar as acusações contra elas, mas não foram localizadas ou não atenderam às ligações.
via Diário do Nordeste