Mineradora BHP é condenada em Londres por rompimento de barragem de Mariana (MG)


A mineradora australiana BHP foi condenada pelo Tribunal Superior de Justiça de Londres, nesta sexta-feira (14), pelo rompimento da Barragem de Fundão, na cidade de Mariana, em Minas Gerais. A empresa é acionista da Samarco, responsável pelo desastre.

O valor da indenização a ser paga deverá agora ser objeto de um segundo julgamento, previsto para começar em outubro de 2026.

Segundo a decisão da Justiça inglesa, “o risco de colapso da barragem era previsível”. “Diante dos sinais óbvio de rejeitos saturados e contrativos e de números incidentes de infiltração e fissuras, foi imprudente continuar a elevar a barragem ao longo do alinhamento do recuo de ausência de uma análise escrita adequada da estabilidade do recuo e dos riscos associados”, diz a Justiça.

A análise feita no documento informa que um teste de estabilidade teria identificado fatores de segurança.

“Vitória histórica”, comemoram vítimas

Centenas de milhares de vítimas do rompimento da barragem obtiveram uma vitória histórica“, afirmou em um comunicado o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os demandantes.

“É a primeira vez que uma empresa envolvida na tragédia é considerada responsável, o que estabelece um precedente histórico para a responsabilidade corporativa internacional”, acrescentou a nota. Segundo os advogados, as vítimas agora podem reivindicar indenizações na Inglaterra.

A BHP anunciou, em comunicado, que deve apresentar um recurso contra a decisão, por considerar o processo britânico “redundante em relação às reparações e indenizações já realizadas no Brasil”.

“No Brasil, não foi feita justiça”

Em 25 de outubro, quando o julgamento em Londres havia acabado de começar, as autoridades brasileiras assinaram com as empresas um acordo de indenização de R$ 132 bilhões.

“No Brasil, não foi feita justiça”, afirmou, em março, em Londres, Pamela Rayane Fernandes, uma das três vítimas presentes no último dia do julgamento, que perdeu a filha de cinco anos na tragédia.

A BHP, em comunicado divulgado nesta sexta-feira, afirma que “240 mil demandantes na ação coletiva do Reino Unido que já receberam compensação no Brasil assinaram renúncias completas. Acreditamos que isto reduzirá significativamente o tamanho e o valor dos pedidos na ação coletiva do Reino Unido”.

Mas os advogados das vítimas afirmam que o acordo da BHP com as autoridades brasileiras envolve menos de 40% dos afetados.

Tragédia em Mariana

No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de rejeitos no subdistrito de Bento Rodrigues matou 19 pessoas e devastou várias localidades com lama tóxica – que se estendeu por 650 quilômetros ao longo do rio Doce até o Oceano Atlântico.

Os demandantes recorreram à Justiça britânica, insatisfeitos com os processos realizados no Brasil, reivindicando 36 bilhões de libras (mais de 47 bilhões de dólares ou R$ 250 bilhões) em perdas e danos.

 

Via Diário do Nordeste

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